Despertam das pedras
Gárgulas noturnos guardiões.
Imersos em treva e terror,
Estalam dos mármores quentes pelo sol
Numa eclosão de melancolia, pranto e
dor.
A doce nostalgia dos crepúsculos
Dá lugar a escuridão temida e
misteriosa.
Os vícios e feitiços emanam-se por aí
Qual neblina tenebrosa da madrugada.
A magia dos bruxos faz das
encruzilhadas
Caminhos da vida que em
Leques mil de possibilidades tortas e
direitas
O bem ou mal se concretizem.
Na boemia vida eis os Malandros e
meretrizes
Das tavernas e becos
Sujos de coito e urina.
No fechar de cortinas para o dia,
É que surge o espetáculo do submundo
Do proibido e pecaminoso.
Ratos, baratas e rapinas aves
Passeiam livremente
E fazem desta hora momento de
vantagem.
Enquanto isso em quatro paredes de
concreto
Passa um seriado,algo para comer
(beber!),
Um coração inquieto e cansado
Que se vê obrigado a obedecer a inércia
do sono
E por hora recuar acelerado batimento.
O sono e a insônia
Mente cansada e conturbada.
As trevas da noite parecem revelar
O lado sombrio dos mortais
e sua dependência e segurança da luz.
Sublime manifestação da natureza
Onde umas coisas descansam
Enquanto a Lua surge cheia de mistérios
e realeza.
Parece ser nesta hora,
Necessária toda companhia e consolo,
Para suportar a frustração do desmanche
da carruagem
E ter alguém para partilhar a abobora
recheada
De realidade, sombras, desencantamentos
e medos.
Triste melancolia!
(Thiago Felipe)